A importante batalha de São Miguel

A importante batalha de São Miguel

01 de Xaneiro, 2008 - 12:00 h. | Publicada por

O corso galego descubreu o arquipélago dos Açores, canta Rui Veloso na sua formosa canção dedicada à ilha de São Miguel. Seguro que não se refere ao vizinho de Maniños em Fene Alonso de Orozco (edificou o Pazo da Ribeira a começos do século dezassete), mas este capitão espanhol participou em duas das acções navais de maior importância da história da Marina, desenvolvidas naquelas ilhas. A batalha de

Trata-se do primeiro grande choque que se produz no oceano Atlântico e a mar aberto, dado que até então as Armadas rivais combatiam nas cercanias da costa e com galeras, barcos de remos. Os impérios da época passam de pelexar no Mediterrâneo a lutar no Oceano Atlântico. Combatiu daquela a frota espanhola ao mando do marquês de Santa Cruz, Álvaro de Bazán, contra os seguidores do aspirante a coroa de Portugal, o prior de Crato, apoiado por tropas francesas e italianas ao mando do comerciante Filippo Strozzi . Ocorreu o vinteseis de julho de 1582 no arquipélago dos Açores. Alonso de Orozco participa na batalha a bordo do galeón São Martín, segundo consta no seu expediente militar. Retornará aos Açores nove anos depois para apresar o antigo barco de Sir Francis Drake, o Revenge o 11 de setembro de 1591.

Felipe II e a batalha de São Miguel

O rei de Portugal Sebastián I e o seu sucessor o Cardeal Infante Dom Henrique, morrem sem sucessão. Felipe II reclama então a coroa, como curmán do defunto rei; para isso envia ao Duque de Alba e a Álvaro de Bazán a Lisboa, com tropas por terra e mar. Em 1582 Felipe II controlava já Portugal e o pretendiente Dom Antonio, prior de Crato, refugia-se em Açores onde recebe ajuda do reino da França e das tropas do florentino Strozzi. Desde Lisboa partirão 36 barcos capitaneados por Álvaro de Bazán, entre eles, o galeón "São Martín": buque português de 48 canhões e mil toneladas. Esta frota enfrontaríase a uma escuderia francesa, superior em número. Depois de uma soada vitória as tropas espanholas regressam a Lisboa. Voltará Álvaro de Bazán novamente ao arquipélago em julho de 1583, fazendo-se em duas semanas com o controlo das ilhas e obrigando ao prior de Crato a fugir a França.
Navio "São Andrés". A jornada das Açores de 1591.
Alonso de Orozco era o capitão do filibote "León Negro" desde 1590. Um ano depois, traspassa-se toda a dotação que tinha o citado barco ao "São Andrés", para participar esse mesmo ano na "Jornada das Açores".
Felipe II ordena no verão de 1591, que uma frota cruze o Atlântico em direcção ao Novo Mundo. Os ingleses tiveram notícia desta expedição e decidiram apostar-se, com uma grande escuderia de galeons e mercantes corsarios ao mando de Howard, nas inmediaciones dos Açores. Em agosto partiram da Península 52 naves de Alonso de Bazán e 6 filibotes portugueses, ao chegar ao arquipélago foram avisados da localização dos buques ingleses e estes igualmente dos espanhóis; Alonso de Bazán dividiu as suas tropas para atacar à frota inglesa por duas frentes. O dia 11 de Setembro começou o ataque, que finalizou com a fugida dos ingleses e o apresamiento do antigo barco de Drake o "Revenge" comandado pelo vice-almirante Richard Grenville; no abordagem a este barco sofreram grandes desperfectos o "Ascensão" e a urca de Luís Coytiño, o "São Andrés", onde se encontrava Alonso de Orozco. O "Ascensão" afunda-se o mesmo dia do abordagem, o "São Andrés" ao dia seguinte depois de ser resgatada a sua tripulação; a frota inglesa que fugira chegou maltreita ao seu país, não sem antes sofrir as suas naves corsarias o ataque de Francisco Coloma que lhes fixo várias presas. Alonso de Orozco, manco de um braço que perdera na batalha das Gravelinas, xentilhome do duque de Medina Sidonia, na Grande Armada de 1588, salva-se mais uma vez e retorna victorioso a Lisboa. O capitão foi mais tarde destinado ao "presídio" da Corunha, chegou a rexedor de Ferrol e construiu em Maniños o Pazo da Ribeira, onde falece em 1643. Deixa quatro filhas de diferentes mulheres às que reconhece no testamento.

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